O ano de 2020 foi de mudanças no comércio exterior brasileiro. Algumas delas já eram esperadas para o cenário internacional, mas o que não estava previsto era a dimensão que os casos de COVID-19 tomariam.
Os âmbitos pessoal, profissional e até mesmo global viram a necessidade de transformação e adaptação bruscas, e quem não conseguiu mudar os rumos de todas essas rotinas se viu em maus lençóis.
O comportamento do consumidor, as cadeias de suprimentos e diversos outros setores mudaram e houve também mudança no Comércio Exterior. O cenário requereu mudanças tecnológicas e redução de burocracia, entre vários outros movimentos.
Panorama 2020
Para falarmos de 2020, iniciamos pela avaliação de 2019, cuja Balança Comercial registrou superávit de US$ 48.035,6 milhões. Até novembro de 2020, o superávit somava US$ 51.036,2 milhões e batia recordes. Apesar do valor ser superior se comparado com o ano anterior, o setor de importações e exportações do Brasil encolheu.
Se 2020 nos ensinou algo, foi a importância da logística internacional e do Comércio Exterior nas cadeias de produção, pois estes garantem o bem-estar e o bom funcionamento de uma sociedade e da economia.
O começo de 2020 já se tornou conturbado no país por conta da falta de insumos vindos da China, que naquele momento combatia a COVID-19 através do isolamento social.
Houve uma série de estudos logísticos para que itens necessários para prevenir ou tratar a doença pudessem chegar em segurança ao Brasil, uma vez que sua demanda aumentou de forma vertiginosa.
Além de todo o cenário caótico que a pandemia garantiu, também foi possível ver nossa moeda perdendo valor, tornando-se uma das com maior desvalorização no mundo, o que também ajuda a justificar a redução de importações no país.
A pandemia e o Comex
Com o cenário de pandemia já instalado, ocorreu uma forte queda nas relações comerciais entre países, o que acarretou a diminuição do frete marítimo internacional. Mais para o final do ano, com alguns países já recuperando suas economias, o valor dos fretes fechou em forte alta.
Além do aumento dos valores de frete, o volume de importações também aumentou, causando mudanças no comércio exterior. Com o valor do dólar em alta e o do real em queda, quem sente no bolso são os consumidores finais.
As exportações brasileiras, ainda assim, tiveram um grande crescimento e bateram recordes no campo das commodities. Apesar desse crescimento ser positivo para a economia geral do país, ele também traz seus prejuízos, já que há anos não se via preços de arroz, feijão, óleo, ovos e carne tão altos no mercado interno.
O que esperar do comércio exterior brasileiro em 2021
Quando falamos em um cenário trans e pós pandemia, uma das maiores preocupações de todos os países é com a recuperação da economia, já que todos sofreram impactos com o cenário instalado mundialmente.
Assim, o sistema que protege a indústria e comércio de cada país, o protecionismo, pode ser esperado. Com isso, podem surgir leis que impedem ou dificultam a importação de alguns produtos.
Falando das mudanças no comércio exterior brasileiro, para sua continuidade e reestabelecimento, aumentar a quantidade de parceiros comerciais poderia trazer vantagens em estratégia e inovação.
No entanto, o país também tem a necessidade de fortalecer suas relações internacionais com seus parceiros consolidados. Um exemplo disso é a China, que atualmente conta com a maior parcela de importações e exportações. Porém, ela recebeu alguns ataques de membros do governo brasileiro, causando mal-estar e ameaças comerciais.
Um dos setores mais promissores para o Brasil para 2021 é o do agronegócio, já que a taxa de câmbio gerada pelo dólar em alta favorece a exportação de produtos.
Em 2020, segundo o Ipea, houve um aumento na exportação de açúcar, soja, algodão e nas carnes suínas e bovinas. Para esse ano, a tendência é a mesma, já que o setor alimentício conta com uma demanda constante e continua em alta mesmo em tempos de crise.
Outros setores também preveem mudanças no comércio exterior para 2021. Confira alguns deles a seguir:
Dólar
O cenário do dólar é bastante incerto. No final de dezembro de 2020, a moeda apresentou constância de queda e as projeções desta para 2021 caíram de R$5,20 para R$5,10.
Nesse sentido, alguns fatores podem contribuir para essa tendência de queda, como eventuais medidas do governo nas contas públicas e a vacinação contra a COVID-19.
Ao mesmo tempo, a taxa de juros baixa, a falta de clareza nas finanças do país e o adiamento da reforma tributária, assim como o ritmo lento da vacinação da população, são fatores que podem fazer com que a moeda se mantenha no mesmo patamar ou até aumente.
Vacinação
No final do ano de 2020, o Reino Unido deu a largada em seu programa de vacinação. Há movimentação de todos os países do globo para imunizarem sua população o quanto antes.
O Brasil, por sua vez, parece não estar entre os mais interessados em manter a velocidade de vacinação, o que pode impactar diretamente na retomada da economia. Isso porque, quanto menos pessoas vacinadas, menor o consumo em locais físicos e a liberação de visitas presenciais a diversos estabelecimentos.
Enquanto Dubai desenvolve o maior Hub de vacinas já criado e Cingapura cria um centro de distribuição de vacinas para o sudeste da Ásia, o Brasil se indispõe com seu principal parceiro comercial, gerando atritos desnecessários e atraso na importação de matéria prima para a fabricação de vacinas, que apesar de ocorrer internamente, depende de insumos da China.
Além disso, a evolução das variantes do vírus mantém as fronteiras de países do exterior fechadas para visitantes brasileiros, tornando-se também um país pouco procurado como destino.
Frete internacional e taxas
Tratando-se dos fretes, não há previsão de quedas nas tarifas para 2021, pelo menos nos primeiros meses do ano.
O que ocorre é uma desproporção entre oferta e demanda, fazendo com que os preços aumentem, agravada também pela falta de contêineres e por navios que são colocados em quarentena para evitar a propagação ainda maior de casos.
E-commerce
É um recurso muito usado e procurado no ano passado, também por conta da pandemia, que fez com que as pessoas procurassem alternativas para o consumo sem sair de casa.
A tendência para o e-commerce em 2021 é de crescimento. No comércio exterior, a precisão é de aumento na importação de eletrodomésticos e eletrônicos, assim como na área de jogos e bebidas.
Balança Comercial
De acordo com previsões feitas pela Associação de Comércio Exterior do Brasil, a AEB, as exportações estão com tendência de aumento, assim como as importações, cuja projeção é de 7,3%. Assim, um superávit de cerca de 33% é o esperado para 2021.
Portal Único de Comércio Exterior
A partir do dia 1º de janeiro de 2021, os órgãos federais precisaram migrar todo o conteúdo de seus portais digitais para o Portal Único de Comércio Exterior. O objetivo dessa mudança de plataforma é estabelecer processos integrados e, portanto, mais eficientes e menos burocráticos.
Meio Ambiente
Assuntos de sustentabilidade e recursos ecológicos serão uma constante cada vez mais frequente ao longo dos próximos anos. E o ano de 2021 não fica de fora dessa tendência: pautas ambientais farão parte da realidade de cobranças de empresas públicas e privadas, para que estas desenvolvam propostas mais sustentáveis e auxiliem na proteção do meio ambiente.
Isso também fica exposto em novos acordos comerciais internacionais, pois países engajados com a causa ambiental esperam que seus parceiros também estejam alinhados com essas proposições.
Concessões e privatizações
Ao longo de 2021, o Ministério da Infraestrutura prevê uma receita de R$137 bilhões em concessões e privatizações. Na lista, encontram-se 23 aeroportos, 17 terminais portuários, 2 ferrovias e 11 rodovias. Tais eventos podem trazer mais estrutura para as relações comerciais de vários pontos do país, assim como a geração de novos empregos.
Desburocratização
Mais mudanças no Comércio Exterior aparecem quando tratamos de desburocratização nas operações. Em 2020, diversas mudanças foram positivas para o ramo, facilitando e agilizando o setor.
Em 2021, a previsão é que esse comportamento permaneça ativo e a esperança é de que continue ocorrendo a desburocratização, para que a economia consiga se recuperar de forma rápida.
Reformas e Custo Brasil
O Brasil espera reformas tributárias, trabalhistas e previdenciárias que permitirão a redução do Custo Brasil quando aplicadas. Tais medidas serão benéficas para o aumento das exportações e importações, contribuindo para o desenvolvimento do país. No entanto, não há sinal de que essas agendas aconteçam num futuro próximo.
A tecnologia no comércio exterior da pós pandemia
Por mais desastrosa que seja a pandemia, em 2020 ela conseguiu alavancar a tecnologia. A previsão é que em 2021 esses avanços continuem ocorrendo, ao menos no que tange a tecnologia 5G e nas alterações do Regulamento Aduaneiro. Além destas, outras movimentações em alguns setores da tecnologia podem trazer mudanças no Comércio Exterior.
Blockchain
O Blockchain é um banco de dados que funciona como um livro de registros, porém muito mais seguro, pois é inviolável. Sua tecnologia tende a ser uma das mudanças no Comércio Exterior, já que a área precisa de novas tecnologias para tornar seus processos mais eficientes.
O Blockchain permite reduzir tanto a burocracia dos processos de importação e exportação como também auxilia na diminuição do uso de papeis no dia a dia.
Big Data e BI
Business Intelligence, ou BI são soluções que podem ser aplicadas em diversos setores, inclusive pode aparecer como uma das mudanças no Comércio Exterior. O BI é eficiente na estabilização de dados mercadológicos, enquanto o Big Data pode buscar novas oportunidades comerciais através da análise mais efetiva de dados.
Inteligência Artificial
Essa é uma das mais promissoras áreas para mudanças no Comércio Exterior, porque possibilita a automatização de operações e assim consegue reduzir custos. O uso da Inteligência Artificial no Comércio Exterior pode melhorar ainda os processos de importação e exportação, agilizando processos.
Redução de Burocracia
Com o passar do tempo, a Receita Federal passou a reduzir processos complexos. O próprio Portal Único, já mencionado aqui, tem como objetivo renovar os processos de importação, exportação e trânsito aduaneiro, garantindo mais fluidez nas rotinas de empresas do setor.
Portanto, daqui para frente espera-se ainda mais redução de burocracia nas negociações e transações.
Saiba mais sobre as mudanças no Comércio Exterior brasileiro
Como você viu no nosso texto, há muitas mudanças no Comércio Exterior que podem ocorrer nos próximos meses e anos e a Adejo está aqui para te auxiliar de forma confiável no entendimento de todas elas. Contate-nos agora mesmo para uma consultoria!
Comments